sexta-feira, 15 de abril de 2011

Liga Europa - O desenrasque


Somos Grandes… Mestres em desenrascar.
Fazemos mais com menos. Fazemos melhor com menos qualidade de mão de obra. Fazemos tanto ou mais do que aqueles que pensam serem melhores…
Esta podia ser a leitura da Liga Europa e dos clubes portugueses.
Começando pelo Braga… Já não pode ser surpresa. Plantel vasto, reforçado e com muito samba derrotou Celtic, Sevilha e esteve no Liga dos Campeões. Voltou a brilhar contra o Arsenal mas caiu contra os ucranianos… Na Liga Europa, com um plantel pequeno (mais guerreiros), com Domingos Paciência a rodear-se dos seus, a ganhar o grupo de trabalho e continuou o caminho das vitórias. E cada uma era uma goleada. Lech Pozman, Liverpool e Dínamo de Kiev. E três meses de salário de Schevechenko pagam um ano de todo o plantel do Braga.
Desenrascou com Paulo Cesar na defesa, com Vandinho a central e voltou a vencer. Cerraram os dentes, verteram lágrimas de sofrimento, sorriram na adversidade da bola não entrar e golearam num empate a zero. Grande Domingos que no final deixou o plantel festejar com os adeptos e só passado a primeira ovação se juntou evidenciando que os artistas foram os jogadores. Grande Domingos que continua a marcar golos, agora sentado no banco (parece o Nuno Gomes que ainda joga). Grande Domingos que demonstrou que Portugal é mais que o Porto, Benfica e Sporting de Lisboa. Grande Domingos que sabe saborear o trabalho que tem e não foi por herdar jogadores, um grupo ou um staff. O mérito é da estrutura mas muito da Paciência e sabedoria que tem no banco de suplentes. Um desenrasque que vale as meias finais históricas!
O Benfica lá se desenrascou na Holanda. À semelhança do nosso nobre povo. Entrou de sapatinho de verniz, de fatinho e os holandeses de manga curta marcaram dois golos. Tremeu, como trememos nós com o FMI. Tremeu a Águia que podia desaparecer com aconteceu com aquela a quem apelidaram de vitória. Tremeu como a chiclet de Jorge Jesus, mastigada ou mascada de forma violenta e de boca aberta!
Antes do intervalo apareceu um super Luisão. Corpo esquisito, cabeça única em jeito de parafuso mas um golo que deixava Jesus a por de lado as orações. Foi um golo que parecia uma sauna para os encarnados vestidos de branco. E o Benfica desenrascou-se e na segunda parte César Peixoto fez de Coentrão, Roberto fez de Helton ou Artur Moraes e o Benfica não comprometeu. Depois de uma grande época o ano passado, depois de perder o campeonato e de uma má Liga dos Campeões, o Benfica cumpre na Liga Europa. E agora com o Braga?
Já o Porto passeou. Foi ao Kremlin de visita. Desenrascou-se logo na primeira mão. Venceu e convenceu. Villas Boas sabendo disso não abdicou dos melhores na Rússia e voltou a vencer. Cria objectivos atrás de objectivos porque parece o Pacman… come e come e come praticamente tudo, Melhor ataque no campeonato sem saber o que é perder. Melhor ataque na Liga Europa, Falcao em grande e os outros que são tão grandes como Falcao fazendo um grupo unido voar bem alto.
Desenrascou-se Pinto da Costa depois do “barrete” Jesualdo e da sua teimosia. Desenrascou-se com o “puto” Villasboas que retira muito de bom de Mourinho mas que cria a sua marca. Mais do que Braga e o Benfica, o Porto demonstra que o desenrasque está mais que preparado e daí parecer uma equipa alemã de tão fria que é por vezes.
Ora agora temos a final antecipada. Porto – Villareal é a junção de duas das melhores, senão as melhores, equipas da Liga Europa. Na outra, um prémio para os portugueses do “desenrasque” que estão a dois jogos da final. E Dublin afinal está tão perto.
Um nota final para o Sporting de Lisboa, que perdeu no desenrasque do último minuto. Que perdeu por desenrascar da pior forma defendendo e não sabendo que o desenrasque faz-se para a frente e não para trás. E no desenrasque, este só acontece da melhor forma se a confiança estiver em alta…
A outra nota é para os adeptos. País em crise, gentes desanimadas, Governo de gestão e o Futebol de salvação. E os adeptos, como os de Braga ontem, demonstram que ser bairrista é mais do que uma regionalização qualquer…é um estado de espírito e uma união mais que precisa para o País. Vamos ser regionais na Europa e seremos mais Portugal… do que o Portugal do desenrasque!

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