quinta-feira, 7 de maio de 2009

Filomena era uma mulher com cerca de 50 anos. Viúva muito cedo, Filomena passava os dias a passear pela cidade, vagueando da igreja até ao parque, onde via os miúdos, passando pela estação de comboios. Filomena andava para não estar parada, simplesmente.
José desapareceu. "Foi Deus", disse a filha de ambos que viajou desde Lisboa só para o último adeus ao pai.
Filomena sentia-se só. Felizmente tinha uma amiga, a Conceição, que a amparava nas caminhadas, confidente de dias tão iguais. Filomena sentiu-se esquecida. Todos os dias quando chegava a casa era lembrada por uma papagaio e aí voltava a encher um pouco o coração ficando um pouco mais "cheia".
Filomena deitou-se hoje pela última vez. Não sabe se acorda amanhã. Não sabe se o papagaio voará. Filomena sabe que amanhã acordará só mas com o coração mais cheio quando ouvir o bébé do terceiro esquerdo a chorar, e ganhará novamente força para caminhar num dia mais.

1 comentário:

someone disse...

ninguém sabe o que acontece amanhã quando nos deitamos hoje. aí, todos somos um pouco de filomena. o que podemos aprender com ela é que se ganha forças para caminhar um dia mais, ou a mais, ou apenas caminhar.