Até que ponto conhecemos bem uma pessoa? Grande parte delas não vamos sequer chegar a conhecer superficialmente, outra parte vamos tentar conhecer e não conseguir e outra parte ainda, a mais pequena de todas, é constituída pelas pessoas que conhecemos como a palma das nossas mãos. Daquelas em que basta uma troca de olhares para sabermos tudo o que lhes vai no interior. Não é fácil atingir este nível.
Mesmo chegando a este ponto, a questão é que jamais vamos conhecer alguém profundamente. Somos demasiado densos, complexos, diferentes, se quiserem, somos únicos. Temos os nossos mistérios, os segredos guardados a sete chaves e aqueles pensamentos que vagueiam enclausurados o nosso pensamento. São a nossa essência. Ninguém abdica dela de forma consciente e a dá a conhecer.
Quantas pessoas conhecemos bem ao longo das nossas vidas? Talvez se contem pelos dedos de uma mão, talvez ultrapasse as duas mãos, talvez… Passar demasiado tempo juntos pode ser um bom ponto de partida, mas na verdade pode também querer dizer muito pouco ou quase nada. Há pessoas que têm o dom de ver para lá do evidente e outras que conseguem mostrar-se sem artifícios logo no primeiro contacto. Como é que nos conhecemos? De variadas formas e feitios, sem uma receita mágica, sem uma solução infalível, sem uma lista cheia de regras. É fácil perceber quando nos pedem algo sem precisarem de usar palavras.
Eu tenho uma teoria. Não conhecemos as pessoas na medida que queremos. Conhecemos delas apenas o que elas quiserem mostrar. Tem de ser um jogo de dois sentidos, de consentimento mútuo, de vontades conjugadas. Há pessoas transparentes, que não conseguem esconder o que são, e nesses casos o caminho pode ser mais curto. Mais longo se a confiança tiver de ser conquistada passo a passo. Para conhecer bem alguém é preciso muito mais do que um simples estalar de dedos. É uma batalha que exige coragem e traduz o que somos e não o que queremos ser.