domingo, 31 de janeiro de 2010

No Turbilhão

No meu sonho desfilam as visões,
Espectros dos meus próprios pensamentos,
Como um bando levado pelos ventos,
arrebatado em vastos turbillhões...

Num espiral, de estranhas contorções,
E donde saem gritos e lamentos,
Vejo-os passar, em grupos nevoentos,
Distingo-lhes, a espaços, as feições...

-Fantasmas de mim mesmo e da minha alma,
Que me fitais com formidável calma,
Levados na onda turva do escarcéu,

Quem sois vós, meus irmãos e meus algozes?
Quem sois, visões misérrimas e atrozes?
Ai de mim! ai de mim! e quem sou eu?!...

Antero de Quental

1 comentário:

sofia disse...

Há coisas que são bem adormecidas...pois quando acordam só servem para estragos...e nós..nós sabemos lá nós quem somos...não fosse a vida a moldar-nos constantemente e sem pedir autorização...